Nessa fase do processo, o jovem procura, por si só, a prática de uma ou mais modalidades esportivas por gosto, prazer, aplicação voluntária e pelo sucesso obtido nas fases anteriores. Neste sentido, os atributos pessoais parecem ser fundamentais para o aperfeiçoamento das capacidades individuais. A idade e o biótipo, além da motivação, são características determinantes para a opção por uma ou outra modalidade na busca da automatização e refinamento da aprendizagem dos conteúdos das fases anteriores, buscando a fixação em uma só modalidade.
Planos de aulas para vários esportes
Weineck (1991) reconhece que a seleção dos atletas adolescentes é feita com base nas dimensões corporais e na qualificação técnica, além dos parâmetros fisiológicos e morfológicos. As condições antropométricas, além dos fatores afetivos e sociais, exercem uma influência significativa na detecção de futuros talentos. Desta forma, a preparação das capacidades técnico-táticas recebe uma parte relevante do treinamento, contudo, consideramos o seu desenvolvimento dos atletas aliado a outros fatores, como o desenvolvimento das capacidades físicas. O objetivo é desenvolver, de forma harmônica, todas as capacidades, preparando os adolescentes para a vida e para posteriores práticas especializadas.
Gallahue (1995) pontua que, nessa fase, acontece a passagem do estágio de aplicação para a estabilização, a qual fica para o resto da vida. Nesse contexto, Vieira (1999) afirma que ocorre, nessa fase da aprendizagem, um ensino por sistema parcialmente fechado (prática). Assim, o plano motor que caracteriza o movimento a ser executado, bem como as demais condições da tarefa, já estão prioritariamente definidos, e almeja-se o aperfeiçoamento. Isso significa que, a partir da aprendizagem de múltiplas modalidades, a prática motora é uma atividade específica. Quer dizer, cada modalidade desportiva coletiva, requer dos indivíduos alguns requisitos relacionados à demandas específicas das tarefas solicitadas.
O fenômeno, aqui, é a automatização do movimento, isto é, todas as aquisições que aconteceram de forma consciente e com muito gasto de energia podem, agora, ser executadas no subconsciente, com menor gasto energético, ou seja, de forma automatizada.
Em relação aos conteúdos de ensino, Paes (2001), em sua abordagem escolar, propõe que, além das experiências anteriores, sejam apreendidas pelos atletas, sejam: as situações de jogo, e sistemas ofensivos como também os exercícios sincronizados, cujo principal objetivo é proporcionar aos alunos a execução e a automatização de todos os fundamentos aprendidos, isolando algumas situações de jogo. Com base nesse pensamento, deve-se iniciar as organizações táticas, ofensivas e defensivas sem muitos detalhes. As "situações de jogo" devem ser trabalhadas em 2x1, 2x2, 3x3 e 4x3, possibilitando aos alunos/atletas a oportunidade de praticar os fundamentos aprendidos em situações reais de jogo, com vantagem e desvantagem numérica.
Outro conteúdo específico nessa fase é a "transição", entendida como contra-ataque nos jogos desportivos coletivos. Paes (2001) define essa fase "como a passagem da ação defensiva para a ação ofensiva" (Paes, 2001, p. 113). Constatamos que a evolução técnica e tática e as mudanças na regras do jogo transformaram a transição ou contra-ataque em objeto de estudo de várias escolas esportivas em todo o mundo. Assim, deve-se dar atenção especial aos aspectos fundamentais que envolvem o treinamento da transição ao ensinar esportes para adolescentes, pois estes aspectos, desenvolvidos com vantagem e desvantagem numérica, podem aperfeiçoar em reais situações de jogo a técnica, a tática, o físico e o psicológico dos alunos/atletas na busca da maestria, ou seja, da autonomia e do conhecimento teórico e prático sobre o contexto dos jogos.
Em relação às habilidades motoras, a fase de automatização e refinamento enfatiza a prática do que foi aprendido e acrescenta as situações de jogo, transição (contra-ataque) e sistemas táticos de defesa e ataque, os quais, aliados à técnica, visam ao aperfeiçoamento das condições gerais da formação do atleta, na qual os conteúdos de ensino equilibram-se entre exercícios e jogos com o objetivo de ensinar habilidades "técnicas específicas", que são o modo de fazer aliado à "tática específica", a razão de fazer.
Para uma melhor compreensão sobre a tática, Konzag (1983) a divide em individual e de grupo, tanto no ataque quanto na defesa. Bota e Evulet (2001) acrescentam que a tática de equipe é ações coletivas, indicando os princípios de ações ofensivas que estão nas bases dos sistemas dos jogos desportivos coletivos; posicionamento rápido, contra ataque, ataque e defesa. As ações táticas em grupos entre dois e três atacantes ou defensores com e sem bola são subordinações dos princípios do jogo. As ações individuais com e sem bola são utilizadas somente por jogadas de um só jogador.
O desenvolvimento das capacidades físicas deve acontecer logo que a criança inicia as atividades em forma de brincadeiras nas ruas ou jogos recreativos na pré-escola e na 1.ª à 4.ª série do ensino fundamental, e também a partir do momento que entra na 5.ª e 6.ª séries, nos jogos coletivos desportivos específicos. O próprio jogo coletivo, por meio de seus conteúdos, tem a finalidade de aperfeiçoar a velocidade de reação, a coordenação, a flexibilidade e a capacidade aeróbica dos pré-adolescentes. Isso se torna necessário para um desenvolvimento físico generalizado através de exercícios e jogos.
Na fase de automatização e refinamento dos fundamentos - exercícios sincronizados e sistemas aprendidos - e o desenvolvimento das capacidades físicas, volta-se para o aperfeiçoamento do que já foi conseguido anteriormente, fortalecendo a estrutura física, destacando as capacidades físicas específicas de um determinado esporte; como exemplo, a resistência de velocidade, muito utilizada no basquetebol, futsal, futebol entre outros.
No caso das habilidades (técnicas), como exposto anteriormente, os jogos e as brincadeiras, nas fases de iniciação desportiva I e II, objetivam à aprendizagem da manipulação de bola, passe-recepção, entre outras, e no domínio corporal, a agilidade, mobilidade, ritmo e equilíbrio; dando início à formação tática e ao aperfeiçoamento das capacidades físicas - coordenação, flexibilidade e velocidade - que constituem as bases para a fase de iniciação esportiva III, a qual possui, como conteúdos, a automatização e o refinamento da aprendizagem, preparando os alunos/atletas para a especialização.
Na fase iniciação esportiva III, a automatização e o refinamento da aprendizagem inicial possibilitam ao praticante optar por uma outra modalidade após as experiências vividas e depois da aprendizagem de várias modalidades esportivas. Acreditamos que os movimentos desorganizados aos poucos vão se coordenando, e os jovens, por sua própria natureza e interesse, vão se decidindo em qual modalidade se especializarão.
Nesse período do processo de desenvolvimento, os técnicos de cada modalidade utilizam suas experiências e competência profissional como instrumento de seleção esportiva. Outras possibilidades são necessárias para auxiliar os técnicos, como o apoio dos pais, das prefeituras, dos estados, das instituições, federações e confederações, a fim de promover os talentos (Oliveira, 1997).
Fonte
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