Características da primeira fase esportiva


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A fase de iniciação esportiva I corresponde da 1.ª à 4.ª séries do ensino fundamental, atendendo crianças da primeira e segunda infância, com idades entre 7 e 10 anos. O envolvimento das crianças nas atividades desportivas deve ter caráter lúdico, participativo e alegre, a fim de oportunizar o ensino das técnicas desportivas, estimulando o pensamento tático. Todas as crianças devem ter a possibilidade de acesso aos princípios educativos dos jogos e brincadeiras, influenciando positivamente o processo ensino-aprendizagem. Compreendemos que se deve evitar, nos jogos desportivos coletivos, as competições antes dos 12 anos, as quais exigem a perfeição dos movimentos ou gestos motores e também grandes soluções táticas.

Criar o hábito de praticar esportes desde pequeno aumenta as chances de não se tornar um adulto sedentário. Além disso, previne doenças que eram comuns apenas há adultos, mas que já estão aparecendo precocemente em crianças, como diabetes, pressão alta e problemas cardiovasculares.

Participação em atividades variadas com caráter recreativo

Paes (1989) pontua que, no processo evolutivo, essa fase - participação em atividades variadas com caráter recreativo - visa à educação do movimento, buscando-se o aprimoramento dos padrões motores e do ritmo geral por meio das atividades lúdicas ou recreativas. Hahn (1989) propõe, com base nos estudos de Grosser (1981), o desenvolvimento das capacidades coordenação, velocidade e flexibilidade, pois esse é o período propício para o início de desenvolvimento. As crianças encontram-se favorecidas, aproximadamente entre 7 a 11 anos, em função da plasticidade do sistema nervoso central, e as atividades devem ser desenvolvidas sob diversos ângulos: complexidade, variabilidade, diversidade e continuidade durante todo o seu processo de desenvolvimento.

Weineck (1999) pontua que as crianças dessa faixa etária 7 a 11 anos demonstram grande determinação para as brincadeiras com variação de movimentos e ocupam-se de um percentual significativo de jogos, que formam de maneira múltipla. Esse fato nos faz acreditar, que se deve proporcionar então, um ambiente agradável para que o desenvolvimento ocorra sem maiores prejuízos, ou seja, as crianças devem aprimorar o padrão de movimento cuja execução objetiva apenas a estimulação para que, assim, a criança construa o seu próprio repertório motor, sem nenhuma sobrecarga.

A função primordial é assegurar a prática no processo ensino-aprendizagem, com valores e princípios voltados para uma atividade gratificante, motivadora e permanente, reforçada pelos conteúdos desenvolvidos pedagogicamente, respeitando-se as fases sensíveis do desenvolvimento, com carga horária suficiente para não prejudicar as demais atividades como o descanso, a escola, a diversão, dentre outras; caso contrário, será muito difícil atingir os objetivos em cada fase do período de desenvolvimento infantil.

As principais tarefas são os gestos motores, necessários à vida, e deve-se procurar assegurar o desenvolvimento harmonioso do organismo por meio de atividades como escalonamento, saltos, corridas, lançamentos, natação etc., não se devendo, nesse período, apressar a especialização desportiva. Os iniciantes praticam aproximadamente 150 a 300 horas anuais, sendo que o trabalho geral deve predominar em relação às cargas específicas. Isso significa que a especialização precoce, nesse momento, pode não ser adequada.

Os conteúdos desenvolvidos nessa fase, em conformidade com Paes (2001), devem ser o domínio do corpo, a manipulação da bola, o drible, a recepção e os passes, podendo utilizar-se do jogo como principal método para a aprendizagem. Concordamos com o autor e sugerimos ainda o lançamento, o chute, o saque, o arremesso, quicar e cortar, típicos dos jogos desportivos coletivos. Os espaços, todavia, podem ser reduzidos, para adequar as capacidades físicas das crianças; e os alvos podem ser menores, a exemplo do gol do futsal, do futebol, do handebol; e nos casos do basquetebol e do voleibol, a tabela, o aro e a rede podem ser com alturas menores. Essas modificações também podem ser feitas em outros jogos e brincadeiras. Acreditamos que, com isso, as crianças poderão motivar-se para a prática em função do aumento das possibilidades.

Em relação aos jogos desportivos coletivos, as atividades lúdicas em forma de brincadeiras e pequenos jogos podem contribuir para desenvolver, nas crianças, as capacidades físicas, tais como a coordenação, a velocidade e a flexibilidade - propícias nessa fase - e também habilidades básicas para futuras especializações, como agilidade, mobilidade, equilíbrio e ritmo. Deve-se evitar a apreensão com a execução errônea do gesto técnico, pois cada forma diferente de movimento em relação ao modelo técnico pode ser aceita, deixando para a fase posterior as cobranças em relação à perfeição dos gestos motores.

A educação física escolar tem função primordial nessa fase, aumentando a quantidade e a qualidade das atividades, visando a ampliar a capacidade motora das crianças, a qual poderá facilitar o processo de ensino-aprendizagem nas demais fases. De qualquer modo, seja na escola ou no clube, a efetividade da preparação e da formação geral que constituirão a educação geral dos atletas no futuro só poderá ser maximizada na interação professor/técnico, escola, aluno/atleta e demais indivíduos que têm influência no desenvolvimento dos jovens.

Sendo assim, o sucesso da educação das crianças e adolescentes depende muito da capacidade do professor/treinador e de cada cenário onde o trabalho é desenvolvido. A literatura especializada do treinamento infantil demonstra que, nessa fase, devem-se observar as condições favoráveis para o desenvolvimento de todas as capacidades e qualidades na aplicação dos conteúdos do ensino, por meio de uma ação pedagógica sistematizada.

Muitas vezes, na hora de escolher um esporte para os filhos, os pais ficam em dúvida da melhor opção. Devemos salientar, antes de tudo, que qualquer esporte é positivo no desenvolvimento infantil e há cada vez mais opções sendo oferecidas para a prática das diversas modalidades esportivas, entretanto, algumas modalidades são mais conhecidas das crianças, o que pode atrair um interesse maior por parte delas.

Essas modalidades correspondem aos quatro esportes coletivos ensinados na maioria das escolas: futebol ou futsal, vôlei, handebol e basquetebol. As opções individuais, como natação, judô e tênis, também são interessantes e podem oferecer vantagens diferenciadas. Combinar dois ou mais esportes, sem que haja carga excessiva é uma ótima ideia.

Publicado em 22/01/10 e revisado em 28/10/19



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