Treinamento na altitude


   O treino na altitude para ser eficaz necessita que seja acompanhado pela aclimatação e por uma adequada periodização. A aclimatação é o processo de permanência do esportista em uma determinada altitude até o organismo se adaptar a menor PO237.
    Durante o processo inicial da aclimatação o volume, a intensidade e a freqüência nas sessões merecem ser baixas, mas conforme o atleta agüenta a menor PO2, a carga de treino deve ser elevada gradativamente38. Nessa fase inicial e durante o treino forte na altitude, o competidor precisa ser acompanhado regularmente por testes físicos, antropométricos, por avaliações da técnica esportiva e da tática. Geralmente, conforme melhora a adaptação do atleta ao meio hipóxico, os testes tendem sofrer um incremento39. Outro acompanhamento indispensável na altitude, com o intuito de amenizar as perdas físicas do esportista, é o uso de um nutricionista para orientar os atletas.
    Segundo Tubino e Moreira (2003)40, existem duas maneiras de efetuar a aclimatação, através da adaptação por etapas ou num local acima da disputa.
    A aclimatação por etapas os atletas iniciam essa tarefa numa altitude baixa, vindo ficar alguns dias ou meses nessa região para se acostumar com o meio hipóxico, após essa aclimatação, os esportistas são remanejados para uma altitude maior, realizando a permanência na nova altitude para ocorrer os ajustes fisiológicos da aclimatação – foram explicados no capítulo 1. Esse procedimento é efetuado até o competidor ou a equipe chegar ao local da disputa.
    Pereira da Costa41 alerta que, no processo de aclimatação em etapas, deve-se ter toda a atenção com o fuso horário das altitudes mais baixas, já que, se ele for diferente da altitude de competição, esta aclimatação será deficiente, prejudicando, e muito, a performance dos atletas.
    A segunda opção é idêntica a anterior, o atleta ou equipe vai fazendo o processo de aclimatação numa altitude baixa até chegar na região da competição, mas quando já se encontra aclimatado ao local do evento, os competidores se dirigem para uma região acima do nível do mar superior ao da disputa com o intuito de obter maior quantidade de hemácias para transportar mais O2 para os tecidos e levar vantagem na competição.
    O benefício dessa segunda opção é questionável na literatura9,42, geralmente aplicada em provas de fundo do atletismo – maratona, competição de rua, o caso dos 15 km da São Silvestre de São Paulo, o atleta treina na altitude para competir ao nível do mar, mas nem sempre a altitude proporciona vantagens quando o esportista vai competir na planície.
    Isso acontece na altitude porque ela gera um decréscimo da massa muscular, ocasionando um destreino pelo fato da carga das sessões serem muito baixas nos momentos iniciais na altitude, a desidratação referente à respiração e a mudança do equilíbrio hídrico interfere no treino na altitude43. Em duas a quatro semanas as adaptações fisiológicas da altitude são perdidas quando o atleta retorna ao nível do mar36.
    A aclimatação merece ser realizada em esportes com duração acima de 2 minutos por causa do componente aeróbio que é deteriorado na altitude10. Modalidades onde o componente anaeróbio (provas de velocidade, provas de arremesso, karatê shotokan) é o predominante, o esportista merece chegar poucos dias antes da disputa porque a altitude não interfere nesses atletas, somente o treinador deve se preocupar com o fuso horário da prova. A tabela 1 fornece a aclimatação aproximada conforme a altitude44.
Tabela 1. Aclimatação aproximada
    Segundo Costa45, o treino ou disputa acima do nível do mar, no período da noite é o pior horário pelo fato da ausência de fotossíntese, diminuir ainda mais o O2 no ar atmosférico. Contudo, os meios e métodos utilizados na altitude são os mesmos aplicados ao nível do mar46.
    Portanto, o treinador merece prescrever o treino de musculação e de salto em profundidade para amenizar a redução da massa muscular47, o treino cardiorrespirtaório pode ser realizado através do treino intervalado, treino contínuo ou pelo fartlek, depende do objetivo do preparador físico – sessão com ênfase no metabolismo aeróbio ou anaeróbio48.
    Em relação ao treino técnico, situacional e tático, são idênticos aos realizados na planície. A única diferença do treino da altitude é o seu acompanhamento, através da aclimatação e da periodização49.
    Quando a aclimatação não é adequada ou o atleta possui baixa resistência para se acostumar à menor PO2 da altitude, pode acontecer o mal das montanhas, onde os sintomas (dor de cabeça, fraqueza, cansaço e dificuldade de respirar, falta de apetite, enjôos, vômitos, edema pulmonar, edema cerebral, etc.) aparecem 6 horas após a subida na altitude, podendo ser resolvido após 3 a 4 dias ou não50.
    Quando acontecer edema pulmonar e/ou edema cerebral proveniente do mal das montanhas, o tratamento consiste na remoção imediata do paciente para menores altitudes e deve-se fornecer O2. Se os sintomas não forem tratados adequadamente, podem provocar a morte do esportista. A principal causa do aparecimento do mal das montanhas ocorre quando o competidor sobe rápido demais as altitudes sem fazer a aclimatação adequada


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