O que é treinamento em bloco?


No final da década de 1970 e início de 1980, Verchosanskij divulgou os resultados das suas experiências do treinamento em blocos, que consiste na concentração de cargas unilaterais, formando verdadeiros blocos de treino específicos, os quais se desenvolvem por aproximadamente dois meses, levando-se em consideração os seguintes fatores:

  • desenvolvimento da força como preocupação central das experiências desenvolvidas;

  • o trabalho de força, para que seja eficaz, deve ser concentrado, o que pode prejudicar, num primeiro momento, as adaptações no campo da técnica e da velocidade, porém tem como objetivo central criar pré-requisitos para os programas de treinamento posteriores;

  • utilização do efeito posterior da carga para assegurar a continuidade da melhoria da força rápida após um trabalho concentrado de força, além de criar as condições ideais para o aprimoramento da velocidade e da técnica do exercício competitivo.

  • concentração de cargas unilaterais como recurso eficaz para elevar o alto nível de preparação específica conseguido pelos atletas após muitos anos de treinamento (SILVA, 1995).

De acordo com VERCHOSANSKIJ (1983), para a elaboração dos blocos de treino, deve haver uma definição clara das necessidades de cada esporte a fim de possibilitar o melhor ordenamento dos efeitos do treino específico, uma vez que as cargas precedentes devem assegurar condições funcionais para as cargas seguintes.

O modelo em referência divide-se em dois grandes blocos: de preparação e de competição, um mais volumoso e menos intenso e o outro mais intenso e menos volumoso, no qual deverão ocorrer os melhores resultados. Inicialmente, no treinamento por bloco, estabelece-se a utilização de um bloco de treinamento volumoso e concentrado, com mais ou menos dois meses de duração, direcionado para a força. Aproveitando os efeitos posteriores do trabalho de força, intensifica-se o treino sobre a velocidade, a técnica ou a resistência específica, durante o qual acontece a primeira etapa competitiva (SILVA, 1995).

A segunda etapa de preparação inicia-se com um novo bloco de trabalho de força, menos volumoso e mais intenso, seguido de nova concentração de trabalho sobre as qualidades específicas predominantes em cada esporte e outro período dedicado às competições (SILVA, 1995).

O sistema de treinamento em blocos pode ser estruturado de forma diferenciada, de acordo com as exigências e especificidades das modalidades esportivas ou as respostas do organismo aos efeitos do treino. Dentre as principais variantes do modelo referido destacam-se as seguintes: modelo ATR, sistema tetracíclico para nadadores e modelos de blocos em progressão (SILVA, 1998).

Para TSCHIENE (1985), em geral, o modelo estrutural de Verchosanskij pode ser considerado um avanço dentro do planejamento do treino desportivo e uma diferenciação, de fato, do conteúdo proposto pelo modelo de periodização de Matvéiev. No entanto, de acordo com SILVA (1998), a elaboração de blocos específicos de treino capazes de atender às exigências da modalidade esportiva e, ao mesmo tempo, de se interligarem de forma lógica e racional demanda um elevado nível de conhecimento da modalidade esportiva considerada e uma especial atenção ao conceito de sucessão/interconexão, entendido como a separação dos trabalhos incompatíveis e aproximação dos que se complementam, de forma a estabelecer o necessário encadeamento de conteúdos e a indispensável continuidade nas cargas de treino.

Para FORTEZA DE LA ROSA (2001), a "Estruturação de Sucessões Interconexas, fundamenta-se basicamente no caso de que o trabalho de força deve ser concentrado em bloco de treinamento para criar condições de melhoria posterior nos conteúdos do treinamento relacionados ao desenvolvimento técnico e à qualidade da velocidade do atleta. Essas condições são dadas pelo chamado efeito de acumulação retardado do treinamento (EART)". Ainda de acordo com FORTEZA DE LA ROSA (2001), o conceito da Estruturação de Sucessões Interconexas é fundamental para essa forma de periodização do treinamento desportivo, pois constitui a estruturação do treinamento em blocos. O efeito do treinamento posterior, a longo prazo, indica que os efeitos obtidos depois de sucessivas sessões de aplicação de carga de força em um bloco concentrado, que pode durar várias semanas, criam as bases condicionantes para o treinamento das demais capacidades dos atletas e para o aperfeiçoamento da técnica. Para FORTEZA DE LA ROSA (2001), na prática, essa estrutura de treinamento toma forma quando se concentram em diferentes blocos os aspectos físicos e técnico-táticos: em um primeiro bloco, trabalha-se com determinação as capacidades físicas, predominantemente a força; em um segundo bloco, as questões técnicas e táticas.

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